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sábado, 13 de junho de 2009

QUALQUER UM PODE DESENVOLVER A MEMÓRIA

06/06/2009 16h15min - Zero Hora.

Entrevista: Renato Alves, Campeão brasileiro de memorização

"A dificuldade de concentração é resultado da alta carga de informação, e fica cada vez mais difícil selecionar o que deve ocupar espaço em nossa memória. É com o objetivo de melhorar a concentração e a memória que Renato Alves, campeão brasileiro de memorização segundo o livro dos recordes RankBrasil, realizou treinamento em Caxias do Sul. Autor de cinco livros, entre eles o recente Os Dez Hábitos da Memorização (Editora Gente), Alves concedeu entrevista falando sobre memória e seu mau aproveitamento.

Agência RBS – Hoje é tudo muito rápido e há muita informação. Qual a importância de ter concentração e memorização?

Renato Alves – As técnicas de memorização nunca estiveram tão em evidência. A memória do ser humano é a mesma, com a capacidade ilimitada de armazenamento. O que mudou foi a informação. Quanto mais avança a tecnologia, mais informação recebemos e, tendo espaço na memória, assumimos compromissos como faculdade, seriado de TV, esporte, religião, esferas familiar, social e amorosa. As pessoas acham que a memória está ficando ruim, quando, na verdade, há muita informação sem tempo satisfatório para processá-la. Então, muitas vezes, memorizamos coisas sem importância.

Agência RBS – O que se pode fazer para administrar isso melhor?

Alves – O principal é a seleção, reconhecer que o volume de informações é maior do que o tempo.

Agência RBS – Quem seleciona a quantidade de informações se torna mais produtivo?

Alves – Se não entramos nesse turbilhão de informações, às vezes inúteis, temos mais tempo para pensar no que se está fazendo, e isso implica em produtividade. As pessoas me perguntam como fazer para se concentrar no trabalho, atender ao telefone, administrar quem pede um favor e o funcionário do lado conversando. A resposta é tentar se concentrar em uma coisa só. É possível se concentrar em tudo, só que, aí, você divide a energia e não consegue ser satisfatório em nada. Às vezes, a pessoa reclama que não consegue se concentrar na leitura. O problema são as interrupções. É estimado que uma pessoa tenha quatro ou cinco interrupções por minuto, dependendo do local. Há cerca de 40 ladrões de concentração, que podem desviar a atenção em casa ou no trabalho.

Agência RBS – É possível aumentar a capacidade de memória?

Alves – A pergunta básica é: o que eu posso fazer para lembrar de tal coisa? A maioria dos esquecimentos pode ser evitada se a pessoa produzir ações que garantam a recordação.

Agência RBS – Que tipo de ações?

Alves – Se a pessoa precisa sair do trabalho e passar na farmácia, o que fazer para lembrar disso? Coisas que a incomodem, como deixar o quebra-sol do carro abaixado. Com aquele quebra-sol que chama a atenção, eu coloco uma mensagem associada a ele, passar na farmácia. Quando a pessoa sair do serviço e entrar no carro, a primeira coisa que vai chamar a atenção é o quebra-sol. Gosto também da ideia de trocar a aliança de dedo. Trocar de mão e dizer para si porque fez aquilo. Essas são as memórias auxiliares.

Agência RBS – Essas memórias podem trazer problemas?

Alves – Não dá para cair na armadilha de usá-las como memórias principais. Uma aluna minha derrubou o celular na água e não lembrava o telefone da própria casa. Se você quer gravar um número no celular, tudo bem, mas grave também na memória.

Agência RBS – Como?

Alves – Use o mesmo processo do tempo em que existia apenas a agenda telefônica convencional. Na hora de ligar, olhava-se o número, se repetia e digitava. Se dava ocupado, tinha de olhar novamente. Para usar o telefone usava-se três memórias: a visual, a auditiva e a sinestésica. Hoje a pessoa pega o celular, clica contatos, acha o nome e liga. Recomendo colocar na agenda, mas, ao discar para esse contato, digitar o número. Se der ocupado, digite outra vez. Em poucos dias você vai transferir os principais telefones da memória artificial para a natural.

Agência RBS – Tens dicas para quem faz concurso ou vestibular?

Alves – A memorização do texto é determinada pelo que você faz após a leitura. Ninguém memoriza durante. É por isso que, se o telefone toca durante a leitura, você perde tudo o que leu. Faça a leitura e um exercício de interpretação. Se você terminar um livro e for comer uma banana ou assistir TV, vai esquecer mais de 70% do que leu."

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