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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

CANETA AMERICA E O LAPIS SOVIÉTICO

Uma anedota conta que nos idos tempos da guerra fria, astronautas americanos e cosmonautas soviéticos se depararam com o problema de como se escrever sob gravidade zero. A tinta no tubo das canetas simplesmente não obedecia aos patrióticos xingamentos nem de um, nem de outro. Não tinha porque descer para a ponta e tornavam o simples ato de tomar nota, uma dura empreitada.
Os americanos investiram pesado na resolução do problema: centenas milhares de dólares foram aplicados na pesquisa de uma caneta que se prestasse ao dever maior de humilhar os soviéticos na conquista do espaço. Centros de pesquisa se engajaram por meses na questão, até que criaram uma ultrasofisticada esferográfica com um sistema de autobombeamento termofluido trifásico, que escrevia não só sob gravidade zero, mas sob quaisquer condições, até de ponta cabeça.
Bom, e os russos? Os russos usaram um lápis.
Os americanos, em sua empreitada em busca da caneta ideal, contrataram engenheiros, químicos e físicos, que dedicaram meses a pesquisas em micromecânica, termodinâmica, deslocamento de fluidos e novos materiais. Para dar suporte aos cientistas, um exército de apoio foi também contratado: técnicos, secretários, administradores, serventes, seguranças, motoristas. Os dólares investidos pagavam não só o salário desta gente, mas indiretamente chegavam até ao auxiliar de seviços gráficos da editora técnica que publicava livros que eram avidamente lidos pelos pesquisadores ou à mexicana ilegalmente imigrada, que limpava quartos no hotel onde ocorrera uma conferência de especialistas.
Com o dinheiro americano, se comprou bombas de vácuo de uma fábrica na Pensilvânia; tornos de uma outra no Texas; compostos químicos, da Carolina do Norte; equipamentos de precisão de Nova York. Após o desenvolvimento da caneta, a experiência adquirida pelos técnicos e cientistas permitiu que eles contribuissem em pesquisas sobre fluxo de fluidos em medicina e sobre como tornar mais eficientes a absorção de medicamentos; em pesquisas sobre controles mecânicos em pequenos dispositivos, os quais, por sinal, viriam a ser utilizados nos discos rígidos de computadores. E um destes cientistas até mesmo usou o conhecimento adquirido, para fazer modelagem do trânsito urbano!
Bom e os russos? Os russos compraram uma caixa com vinte e quatro lápis 2B de uma estatal perto de Banska Brystrica, que faliu quando os eslovacos passaram a importar lápis chineses mais baratos.

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